domingo, 23 de dezembro de 2007

Não vista a carapuça

AAS (Apartamento Anti Suicída)

De onde você veio com seus conselhos?
O que você quer com meu talento?
Me diz aí,
No que eu posso te ajudar?
Qual é a data, qual é a hora, qual é o lugar?

Eu estou cansado de vocês.
Eu tenho nojo de cada um de vocês.
Eu tenho um asco pra cada um de vocês
Mas eu não tenho nenhum medo.

Estou trancado no meu apartamento
Com todo o meu passado
E com toda biografia de meus ex-amigos
E em cada diálogo havia a palavra
Interesse

Eu não suporto mais vocês,
O peso é grande pra carregar por mais de um mês,
Eu não agüento mais dores que não sejam as minhas
Eu não concordo mais com vocês.

Estou trancado no meu banheiro,
Com o barulho da água do chuveiro,
Me dizendo o quanto eu fui otário
Em ser verdadeiro.

Eu não amo mais vocês.
Eu não ouço mais vocês.
Eu não tenho mais nenhum de vocês.
Eu já chorei por cada um de vocês.

Eu estou trancado no meu quarto,
Com o volume máximo do rádio,
Me dizendo toda hora quem eu não sou
Ao ser verdadeiro.

Neste apartamento anti suicída,
Tudo que toco, é vida

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Pra Quem Não Tem Nada, Metade é o Dobro

Eu uso o orkut para me aproximar de culturas e de amigos distantes, mas estou muito propenso a deixá-lo oficialmente e navegar de forma fake pela rede social. Por quê? Disse a um leitor deste blog estes dias, que o orkut é uma espécie de “Espelho, espelho meu...” do século XXI. Eu acho insuportável ver fotos dos álbuns. É uma de gente fazendo cara de feliz. Não me incomodaria se eu não percebesse que mais do que felicidade as pessoas desejam mostrar quem elas querem ser. Foto nenhuma deste mundo, do passado ou do futuro e muito menos do presente esconde o narcisismo idiota de pessoas que precisam de algum instrumento para serem o centro das atenções. Emulam amizades, relacionamentos superficiais e são estrelas dos seus comerciais. Não tenho fotos no meu álbum. Sempre que coloquei foi esporadicamente, porque quem conhece a minha vida – e não parte dela – sabe quem eu sou, do que eu gosto ou não. É lógico que enquanto escrevo isso me lembro de amigos (verdadeiros) que usam o orkut como um meio de mensagem á família, aos parentes distantes e assim penso que não posso ser radical. Esclareço que não é destas pessoas que estou falando. Estou falando da maioria dos indivíduos que eu vejo por aí e pelo pouco que demonstram, espero que isso se mantenha na superficialidade. Amantes de si mesmo.

Por quê será que relacionamentos amorosos não dão muito certo há muito tempo e a nossa geração é hedonista até a alma? Porque mais do que amar alguém, essa geração entende que amar a si mesmo basta. Este amor é tão suficiente que ela menospreza o amor alheio até que ele não lhe satisfaça. Respeito, consideração e altruísmo são palavras obcecadas de inexistência. “Eu posso me amar tanto que posso desamar quem quer seja num período recorde que dê tempo de eu encontrar outro alguém que me ame na mesma intensidade em que eu me amo.” Ninguém quer ceder. “Seja feita a minha vontade, assim na Terra como em você.” Um anarquismo sentimental. Uma dolorosa via. Nem os mais experientes, os mais velhos nos dão mais lições de sobre como a vida se sustenta. Uma geração se foi. Quem tinha 50, 60 anos quando tínhamos 20, hoje tem 60, 70 e morre. Os novos velhos agora também são novos burros.

Estou com sono e me sinto bem assim.

Eu ouço discos de forma diferente. Tento absorver a vida útil daquela obra o máximo que eu posso. Acho que o artista quer isso do ouvinte. Que ele sugue toda a essência daquela flor. Se você me vir criticando ou elogiando um disco pode saber: já escutei ele o suficiente pra soberbamente dizer que o entendi. Não suporto ver um filme mais que 1 vez, mas um disco posso escutar por anos. Escutei o Ventura dos Los Hermanos 2 anos, por dias e dias e dias... Decorei cada detalhe de letra, cada pausa, cada arranjo. Escutei vários discos desta forma. A relação tá acima da paixão, tá na base do entendimento.

A continuidade é uma coisa prazerosa. Não desistir, ir em frente, faz de você uma pessoa melhor. Faz você se aperfeiçoar e deixar pra trás vícios, costumes e até convicções que não deveriam estar ao nosso lado. Na verdade a continuidade faz você parar várias vezes no caminho. Pensamos em desistir ou em continuar e quase sempre deixamos alguma coisa da bagagem pesada e que somos obrigados a carregar. Descobrimos a desobrigação da obrigatoriedade e jogamos fora da mochila o que não serve ou que nunca serviu e que percebemos a inutilidade naquele momento.

Tava escrevendo uma série virtual chamada Império a Raiz de Todos Os Males que serviria pra contar como funciona um pouco do lado sistema financeiro aqui no Brasil. Embora fosse uma ficção, eu vou dar um tempo. Ainda existe dentro de mim vestígios de uma doença difícil de curar e também difícil de explicar e era possível, que durante o desenvolvimento da série, os sintomas se tornassem cada dia mais atuantes na minha patologia. Por isso, pelo menos por enquanto, Império (alguém achou o título pretensioso. Não há pretensão, é uma constatação de quem sabe o que é trabalhar para maior instituição financeira do mundo) está engavetado. Assim como As Manhãs de Lígia, uma novela que comecei a escrever. Em 2008 escreverei Memories Scenes From My Past. É a mesma coisa que o Diário do Pierrot só que irá começar em 1982. Minha idéia era colocar fotos da época mas elas estão com a minha mãe e amigos e fica difícil resgatar, pelo menos por hora, estes documentos. Escolhi 1982 porque foi um ano marcante para o Brasil em um aspecto, da qual me lembro com muita tranqüilidade. O Brasil perdeu para a Itália de 3 x 2 com 3 gols do medíocre Paolo Rossi. Aquele dia deveria ser comemorado (?) como o Santo Dia da Miserabilidade. O país estava ameaçando entrar num estado de re-democratização e passava por várias mudanças. Memories Scenes From My Past será escrito com nomes, lugares e situações, sem qualquer censura e estará com um link aqui no diário.

Estou muito feliz pelo fato de várias pessoas bacanas terem escutado minhas músicas lá no meu Myspace e terem gostado. É uma felicidade mesmo que se faça algo e alguém diga que aquilo é bom. Se você ainda não escutou e queira fazê-lo o endereço é www.myspace.com/pierrotdaniel

Até o ano que vem.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

"Ando só pois só eu sou sei por onde ir, por onde andei"*




Troquei o dia pela noite. Já era mais ou menos assim quando eu estava no banco. Dormia por volta das três da manhã. Agora a coisa se acentuou. Quatro, ás vezes, cinco da manhã estou indo dormir com o cantar dos passarinhos. Mentira, daqui do meu andar – 11º - não se ouve o cantar dos passarinhos. Ouve-se mesmo o barulho das kombis, chamando seus passageiros, num desespero diário. Hoje é meu 43º dia solteiro. Após a cirurgia da Renata – que está na casa da minha sogra neste período – eu sou o verdadeiro dono de casa. Se tivesse uma câmera escondida ou caso eu tivesse feito um contrato exclusivo com algum canal de tv, seria o reality show de maior audiência da tv brasileira. Só Deus sabe o que aconteceu neste apartamento com a ausência da patroa. Pras mentes maldosas, nada demais além das trapalhadas de um homem de 30 e poucos anos, aprendendo a se virar. Lavar roupa, lavar banheiro, limpar a casa, lavar louça, pagando contas na Internet, escrevendo, vendo filme e rindo sozinho de madrugada, cochilando, roncando e fazendo tudo que um homem sozinho pode fazer.

Pra mim, tem sido um martírio fazer comida. Faço compras e não gosto de nada do que preparo, então, invariavelmente como fora. Num “selv-selvice” – uma pessoa de minha intimidade fala assim – aqui perto de casa. Tão invariavelmente quanto estar presente, é meu pedido de bebida. Coca Zero com gelo. Por mais que seja a mesma pessoa que me atenda, também invariavelmente, me faz a mesma pergunta há mais de trinta dias após o peso da comida: - Qual é a bebida? Com gelo? Ou ele é um péssimo fisionomista ou tem uma fé incrível de que algum dia em que eu esteja comendo ali, mais uma vez, faça um outro pedido que não aquele: coca zero com gelo.

Nestas madrugadas acordado, fazendo ás vezes duas, três coisas ao mesmo tempo como estou habituado a fazer (gravando cd, respondendo e-mail, navegando), parei pra ver o Corujão. Se você não sabe o que é o Corujão eu te explico. É o filme que passa após o Intercine. Se você não sabe o que é o Intercine, é a sessão de “cinema” que passa após o Programa do Jô. O Intercine começa por volta de 1:20 da manhã e por aí você tira que hora começa o Corujão. Passou um filme com a Amanda Peet, um belo espécime do sexo feminino. Como ela sempre escolhe comédias românticas pra atuar, e comédia romântica é um dos meus estilos preferidos, me detive em frente á tv. Na verdade, era uma comêdia-romântica-dramática. Uma professora de uma academia de ginástica que se envolve sentimentalmente com o dono da academia que é o verdadeiro Don Juan. O verdadeiro Don Juan se apaixona de verdade e a professorinha também. Só que neste meio tempo, após encontros e desencontros – um clichêzaço de filmes assim – ela descobre que seu ex-namorado está á morte em um hospital, vítima de AIDS e... Bem, o filme em português tem o sugestivo título de Fica Comigo (Touch Me – 1996) e quando você tiver oportunidade de assistir, assista, porque é um dos filmes mais sensíveis que vi falando sobre a Síndrome Imune Deficiência Adquirida. Muito bacana. O final do filme poderia ser mais “real”, mas a película despertou tanto minha atenção que fiquei desperto até ás quatro e cinqüenta. Bem, isso é moleza...

Estou escutando a Globo FM – via Internet – e se você tem um gosto musical parecido com o meu, vai gostar muito desta estação. Pra quem não sabe a Globo FM saiu do dial já há quase cinco anos (pelo menos aqui no Rio), mas se mantém nas ondas cibernéticas. Muito bacana a programação. Similar a JB Fm, a Antena 1 ou a Paradiso. Estava tocando uma música da Amy Winehouse, uma música nova. A primeira canção de trabalho desta branquela de voz negra foi Rehab, que curiosamente fala sobre a recusa de freqüentar uma clínica de reabilitação. A muié vive freqüentando as colunas de fofocas de celebridades por ser, vez ou outra, flagrada em situações digamos, inusitadas. Enfim, não farei o mesmo. Ela canta muito. Que voz cinquentona! Um suingue sem ser prezepeiro tal qual fazem outras estilosas cantoras americanas, á saber Mariah Carey, Tony Braxton e tarará, tarará. Dificilmente alguma coisa muito pop me seduz. Essa conseguiu. Ah! Uma dica: se você não tem banda larga, é mais difícil de ouvir rádio pela Internet por conta da taxa de transferência de streeming. Você não precisa saber o que é isso não porque o titio explica... É... Em suma... Sua banda não agüenta essa troca de dados veloz, beleza?

Eu tô fazendo um bico (sem remuneração), quebrando um galho e aprendendo muito, ajudando um site chamado Isfree. Ele se dedica a conteúdo de séries de televisão. Não é um site qualquer não. Propõe-se a ser o maior da América Latina. E creio que vem sendo sim. Julgando pela quantidade de séries que estão no site, pelo menos em quantidade, já é. Em qualidade também. O foco é a interação entre os fãs de série, fazendo com que o maior número de pessoas acessem o site, leiam o conteúdo, baixem episódios e... Trabalhem pro site. Como assim? O grande segredo do (a) Isfree é que, quem adiciona conteúdo (padronizado) ao site é o próprio usuário cadastrado. Este é o futuro da Internet e talvez o futuro da comunicação eletrônica. Quando o que você vê foi fruto do que você leu, assistiu, observou, interessou-se e postou. Nada de bloggers, nada de fotologs. O lance daqui pro futuro é que você seja o postador e portador das mensagens. Parece que isto não tem um sentido de importância, mas o Youtube colocou no olho do furacão o internauta como estrela principal de sua própria constelação. Voltando ao site, se você gosta de Lost, 24 Horas, Heroes, Greys Anatomy, House, Two And Half Men, Cold Case, Without a Trace e outras duzentas (!) séries que estão na ativa ou já acabaram, dá uma passada lá: http://www.isfree.tv/ . Observação: o site é idealizado, organizado e mantido por um garoto de quase 20 anos, que é conhecido como Cap. Sparrow.

Reparei que se a cada post aqui no blogger eu colocasse um absurdo no meio evangélico, teria que mudar de “Diário do Pierrot” para “Diário do Revoltado” e tudo que eu não sou é revoltado. Eu sou um inconformado. Um ingênuo. Um tolinho. Um fofinho... Ai, eu me amo... Brincadeira. Eu sou um visionário, uma pessoa atenta aos arraias dos crentes, porque sou um. Tenho uma tristeza que beira ao sarcasmo quanto ao futuro das coisas em nosso meio, e o pior, não vejo perspectiva de melhora.

Outra coisa que me falaram que eu sou é A – R – R – O – G – A – N – T – E. Eu fique tão triste. Re-li muita coisa que escrevi e reparei se havia algum traço de soberba, de superioridade, que pudesse alguém me julgar assim. O que aconteceu? Disse a uma pessoa – que comunga da mesma fé que eu – que as pessoas não sabem o verdadeiro significado de certas palavras, que tornam coisas absolutamente negativas, quando de negativas, estas coisas não tem nada. O motivo do entrevero foi a palavra “risco”. Disse que risco era uma possibilidade da vida de todos nós e que ruim ou bom seria a conseqüência do risco e não o risco em si. Ele me chamou de “Professor Pasquale e que não gostou do meu jeito arrogante em dizer o que era risco”. Eu respondi – via orkut/scrap – que não tive a intenção de chateá-lo e, que por ele, comungar da mesma fé que eu, teria um entendimento melhor do que eu disse. Quebrado pelo meu argumento de “comungar de fé”, mandou um scrap humilde dizendo não ter lido direito minha resposta e pediu desculpas. Ai, ai. Mesmo assim, o episódio serviu pra que eu desse uma refletida em como me expresso.

Se eu disser alguma coisa na qual você se sinta ofendido, por favor, pode dizer. É que na verdade eu sou um inconformado, um ingênuo, um tolinho, um fofinho... Ai, vai começar tudo de novo!

Ando Só (Música Para Lembrar do Pierrot)
Ando só pois só eu sei
pra onde ir por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei

pergunte ao pó
desça ao porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei

desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio

ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando
ando só
Ando Só (Humberto Gessinger - Varias Variáveis - 1991)

se você nunca ouviu, baixe aqui. Versão do disco "Filmes de Guerra Canções de Amor" - Arranjos de Wagner Tiso.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

"Se alguma coisa se perdeu é que as palavras me faltaram quando mais eu precisei"*


Uma notícia me fez chorar. Não foi a queda do Corinthians. Que ele continue caindo até chegar ao fim do poço. Não foi um pastor(+1) de 50 anos, que anda pregando em sua igreja, no interior do Espírito Santo, que um homem deve ter 7 mulheres, segundo a Bíblia. Inclusive, já fez uma amostra grátis dos seus ensinamentos com uma de suas beatas. Com anuência do maridão-cristão-corninho. Segundo a irmã que foi para cama com o pastor, não houve prazer, “foi do Espírito, foi de Deus”. Não isso não me fez chorar, isso me fez rir. O que me fez chorar nesta manhã de quinta foi saber que uma menina que cursa 6ª série num colégio do interior do estado do Rio Grande do Sul perdeu 90% da sua visão, pois um coleguinha resolveu brincar de estilingue na sala de aula. No estilingue, um giz. A menina, a princípio foi levada a um posto médico onde foi tratada com colírio. Sem efeito qualquer, foi encaminhada a um hospital a 100 km (!!!) da cidade, onde foi constatada a cegueira. Para que ela enxergue novamente precisa de um transplante de córnea. Isso me faz chorar. Meu Deus! Que tristeza. Tão nova, tão jovem. Por conta de uma idiotice, de uma bobagem sem tamanho, corre o risco, de numa cidade tão pequena – Vacaria – desde cedo (com todas as dificuldades que implicam nisso), ter sua visão parcialmente comprometida. Eu chorei. Coloquei-me no lugar da menininha, dos pais. Há cegos que enxergam muito bem e gente que pode ver e perde a visão por conta de um estilingue. No quintal? Na rua? Na praia? Num parque florestal? Não. Na sala de aula.

Na sala de aula a gente aprende a enxergar o mundo. Universidade, quando encarada de forma bonita, é uma lição e tanto. Nós, brasileiros, aprendemos que o nível superior é apenas um degrau pra se conseguir fazer concursos que nos paguem um salário decente. Nada contra querer ganhar mais. Nada contra querer ter mais. Mas universidade não é só isso. É saber. E é um espelho eficiente da nossa miserabilidade. Isso quando não mostra seus feixes de luz para o quadro negro e mostra de lá: mais incapacidade, mais falta de condições, mais toda a “fartura” de tudo. Eu sou um cara completamente diferente na sala de aula. Acho até que sou mais feliz. Ser ninguém me faz feliz. Ser um eterno dependente da estrutura da sapiência, me deixa contente porque saber que não se sabe é uma das únicas maravilhas de se achar vazio. Não me incomoda o erro. Não me atrapalham as falhas. Elas vão torneando o vaso e tornando-o cada dia mais preparado para encher, encher, encher... A gente conhece gente interessante, gente que agrega conhecimento, empírico e acadêmico, que te acrescenta, que te dá aquele gostinho de inveja santa, com frases mentais do tipo: “Poxa, queria ter dito isso desta forma...”.

“Solidão é estar sozinho duas vezes”

Há uns 13 anos eu escrevi isto num poema que já não existe mais. Quem leu me perguntou o que isso significava. Do alto dos meus 20 anos, eu dei a seguinte explicação:

Ninguém quer estar sozinho. Ninguém deseja a solidão. Todo mundo quer a companhia de alguém. Na solidão, há uma possibilidade de estar só, duas vezes dois.

A primeira

Você e você. A solidão no seu estado máximo. Porém, quando você ultrapassa a fase da concordância pessoal, você se divorcia de si mesmo. Auto-estima em baixa, tristeza em alta. Você está sozinho, duas vezes.
A segunda

Sua solidão. Seu status de alma. Seu amor não correspondido. Mas ela(e) tem alguém. No seu coração egoísta você acha que aquele alguém que completa seu desejo de companhia não está com a pessoa certa. Daí você idealiza a solidão de outrem e sua própria solidão. Você está sozinho, por você e pelos outros.

A segunda explicação foi a mais próxima do escrito, hoje, lendário.

Eu e Deus

Esta expressão é mais positivista do que eficazmente compartilhada. Eu e Deus neste mundão. Não. Geralmente nós vivemos e tomamos as nossas decisões e damos as nossas respostas, os nossos silêncios, as nossas idéias. É só um positivismo bonitinho, mas esta dupla tá mais pra lá do que pra cá.

... Mas nestes dias, eu senti uma sensação muito gostosa. Uma sensação invisivelmente presente. Uma companhia sugestiva, surdamente falante. Eloqüente no coração. Duramente presente. Em cada passo, em cada reflexão, em cada ausência de tv e de computador, em cada descida no elevador, em todo ponto de ônibus, em cada mastigação. Eu senti a presença do alívio. Era eu e Deus. Ou melhor, era Deus e eu. A reboque e com muita paciência, percebi alguém me esperando, me aceitando, me aguardando atravessar a rua, o rio, a ponte. Ele estava lá e aqui. Do outro lado da rua e ao meu lado. Decidi não mais ficar parado e atravessar. Atravessei. Agora estou aqui.


Tentando ser um bom Paul Rabbit




Deste lado não vejo mais o outro
E pra dizer a verdade o esquecimento é minha cegueira
Quanto mais disfarço a caminhada
Enxergo o passado neste carro desvairado

Quem está comigo está numa outra estrada
Me vê de longe e não se importa mais com nada,
Com tantas vontades no coração só dá vontade
De sentir um coração por vez.

Tome cuidado.
Tome com força.
Essa vida é demais pra sua boca.
Pierrot

* Trecho de "Todos os Sonhos do Mundo" - O Barco Além do Sol (Marcelo Bonfá)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Com 33, podem trazer agora a cruz!!!



Parei meu serviço “não-oficial”, porque durante o mesmo, conectei-me ao programa Pânico no rádio (via Internet). No dia de hoje a entrevista é Raquel Pacheco. Você não sabe quem é? Raquel Pacheco é uma jovem paulista que iniciou sua vida na prostituição aos 16 anos e que ficou nacionalmente conhecida por escrever suas experiências de trabalho num blog na Internet. Sua “graça” não-oficial é Bruna Surfistinha. Ela está no programa lançando seu novo livro “Na Cama com Bruna Surfistinha”. O teor literário são dicas sobre sexo na cama, para homens e mulheres. Entre algumas risadas e audições, fiquei pensando comigo: em que nível de consciência nós estamos? Vamos mais à frente pra entendermos o que eu tô querendo “vomitar”.

Bruna Surfistinha lançou o livro “O Doce Veneno do Escorpião”, que tinha expectativa de 80.000 exemplares (o livro vendeu 300.000 exemplares) e virou best-seller. Desdobramentos: filme com lançamento para 2008/2009 baseado neste, venda do livros em vários países na Europa e no continente asiático, caso de Coréia do Sul e Vietnã (!).

Eu gostaria de ter um cuidado especial para que nada do que eu venha dizer tenha um teor pré-conceituoso ou simplista, sem reflexão mais embasada. Não quero nem contar a vocês a história da Raquel, mas só para que vocês saibam, ela virou prostituta, pois se desentendeu com os pais, como uma adolescente na sua fase “independência ou morte”, e foi atrás de seus objetivos. Hoje com 24 anos, é uma das maiores vendedoras de livro no Brasil e porque não dizer, no mundo e agora dá conselhos sexuais para homens e mulheres...

Mexeram no satélite? É isso mesmo? A fábula da corrida do coelho e da tartaruga que eu sempre escutei, dizia que mesmo o coelho sendo mais rápido e pegando os atalhos que só ele conhecia, a tartaruga vencia-o legitimamente. Parece que esta fábula não faz mais sentido. Subverteram a ordem das coisas, que não chamo mais de “ordem natural” porque já não sei mais o que é natural ou não. Não quero com minhas crenças e pensamentos ditar o caminho mais bonito de viver. Eu vivo. Porém eu fico envergonhadíssimo (no superlativo mesmo) de saber, que no meu país (além de outras vergonhas já ditas por gente mais competente do que eu), que quem ensina a sociedade a se entender na cama, na sua intimidade, é uma ex-prostituta que fugiu de casa por seus conflitos familiares. Então fica um círculo assim:

- Briga com os pais e sai de casa;

- Assume o trabalho como prostituta pra sobreviver;

- Fica famosa porque faz dos seus clientes um “big brother” particular, dizendo de seus segredos mais abissais num blog de sucesso;

- Desponta para o país com um livro, vira celebridade e...

- Agora ensina a outros pais (!) a como fazer amor!!!

Vamos esquecer as questões religiosas/sociais que implicariam em dogmas que acredito. Vamos esquecer os princípios bíblicos. Vamos por hora esquecer também todo o tabu que envolve o assunto sexo, mas vamos manter uma questão absolutamente básica chamada Família. Qual o caminho bacana que a célula mater da sociedade pode trilhar, quando suas referências não se encontram mais dentro de casa, debaixo dos telhados? Os pais não são mais heróis. As mães não são mais amigas. Os irmãos estranhos conhecidos. Não tô reduzindo a questão a uma jovem menina que gosta muito de dinheiro e que achou mais uma forma de conquistá-lo. Tô falando de uma voz ativa fora de nós que não é oficial pra gente. Deixe-me ser mais explícito. Confesso que quero ter um texto mais que implique na dúvida do que na certeza. O que faz de nós pensarmos que exista um caminho mais feliz e mais ajustado longe de nosso lar? Fora alguns desvios de conduta dentro da família, não consigo socialmente enxergar e perceber um refúgio mais seguro que o nosso home sweet home. E se uma ex-prostituta é seu tutorial para o que você deve fazer na sua cama com seu parceiro (juro que tentei pensar em outra palavra, mas achei esta mais ajustada a todos), fecha pra balanço, meu amigo/minha amiga. Patologias, neuras, dúvidas, procure um especialista.

Eu também sou um ingênuo, num país onde Frank Aguiar e Clodovil Hernandes, são deputados federais representando o povo, o que esperar de bom?

Num país onde a explosão (ou seria implosão) dos nossos “pobremas” é o jeito mais fácil de se jogar a poeira pra debaixo do tapete, o que esperar de salutar no comportamento social? O estádio faz “gente cair?” Explode. A cadeia tem menor de idade, menina, com 20 homens? Explode. A paciência do povo brasileiro está esgotada? Copa do Mundo é no Brasil em 2014, amigo!!! Prepare aí seu coração!!!

Um adendo: Um dos clientes na época em que Raquel Pacheco prestava seus serviços pra lá de relaxantes, apaixonou-se pela moça de vida nada fácil. Ela também. Resultado da brincadeira: um casamento desfeito. Bacana né?

Não fiquem bravos comigo... Não é machismo não, pra dizer a verdade, nem sei o que é isso direito, mas este post será meio contra algumas representantes do sexo feminino. Não fiquem chateadas comigo. Digo pra vocês, era pra ser o contrário, mas são os fatos atuais. Quem sabe seja diferente daqui há... 1 segundo.

Eu não sei vocês, mas eu não agüento mais ver a cara da Ivete Sangalo. Comercial de bebida, de celular, na Globo... Em qualquer canal, em qualquer programa... putz... Tá gente, ela realmente é uma simpatia. Está sempre com aquele sorrisão, dando conta de uma felicidade (e eu espero que seja mesmo), mas eu não agüento... Há um tempo atrás, aquela canção “Poeira” parecia onipresente. Depois ela fez uma campanha pra um banco privado e a música não parava de tocar no rádio... Agora, você entra nos sites, seja qual for, e tem lá “O namorado de Ivete é sérvio”, “Ivete leva namorado até show na Zona Sul”, “Ivete isso”, “Ivete aquilo...” Deve ser um grande privilégio dela namorar. Afinal isso é tão incomum!!! Chato, chato, chato... Eu confesso pros senhores que eu tô de saco cheio destas cantoras de voz grave. Desculpe a expressão chula!!! Mas que chatice...! Só dá vozeirão no rádio! Eu sei, eu estou velhinho, mas qual é a opinião de vocês? A MPB não precisa dar uma renovada não??? Onde estão as cantoras femininas?Ih... lá vem aquele papo de machismo...

Bem. Isto aqui é uma conversa de bar, se eu bebesse. Então aqui, tudo é informal. Não tem este lance de regras, formalidades. Estou contando aqui meus pensamentos hoje. Você pode (tentar) me convencer do contrário.

E pra quem escreveu metendo o malho em cantoras, quero deixar dicas boas de uma nova geração. Se você não for tão exigente, acho que vai achar interessante. A Marjorie Estiano e a Luiza Possi. A primeira é atriz (começou na Malhação em 2005) e hoje é a estrela maior da novela das oito. Olha, e canta direitinho. Uma boa música pop, com letras muito bonitinhas. Eu recomendo o primeiro disco. Muito híbrido gostoso de ouvir. A Luiza Possi apesar de carregar um sobrenome pesadíssimo e que sempre elege comparações, dá conta do recado. E que recado! A menina canta muito, tem um timbre agudinho, bonito. Os arranjos do disco dela são todos muito softs, pra justamente dar uma sublinhada na textura da voz da moça. Se vocês quiserem posto os mp3 aqui pra vocês baixarem.


No último post falei de elogio, da importância de uma boa palavra. Desta vez, quero falar da amizade. Aproveite o final do ano, se você quiser, e re-avalie suas amizades. Re-avalie teus conceitos de convivência, pessoas a quem você conta segredos, divide sua vida. Faça testes psico-indulgentes e chegue a algumas conclusões. Depois me conte se eles não cabem nos dedos das mãos. De uma mão.

Eu prometi, 10 discos que você precisa ouvir:


Stonewall Celebration Concert – Renato Russo

Esse disco é quase obscuro. Não é pela gravação-coincidência de Renato e Zélia Duncan para mesma canção. Ambos, na mesma época, estavam para lançar discos. Ele solo, ela o 2º que lhe revelaria ao Brasil e os dois gravaram Cathedral Song (Tanita Tikaran). Ele em inglês (soberbo, diga-se de passagem), ela em português, numa versão que agradou em cheio as rádios. Mereceu inclusive várias regravações. Voltemos ao disco. É bonito, melancólico e cheio de piano. Lindos arranjos do Carlos Trilha (um dos caras que influenciou meu jeito de tocar teclado quanto à escolha de timbres) e “aquela” interpretação de um dos melhores e mais amargurados cantores que este Brasil conheceu.

Destaque: The Ballad Of The Sad Young Men

Ventura – Los Hermanos

Eu sou absolutamente suspeito porque este cd está “furado” lá em casa. Eu e Renata já ouvimos zilhões de vezes. O disco mais bonito dos queridos barbudos. Um dos que eu mais escutei na vida. Tudo neste disco é bom: arranjos, interpretações, metais, idéias musicais, canções, letras. Este disco é o sucessor do Bloco do Eu Sozinho, que foi quem catapultou a banda a sensação da MPB. Eu diria sem pestanejar que ele é melhor que o anterior. Questão de gosto.

Destaque: Último Romance, Cara Estranho e Além do Que Se Vê.

Achtung Baby – U2

Eu tive o privilégio de ir a São Paulo assistir ao U2. Eu e um amigo inclusive fizemos um pacto (que não sei se será cumprido por uma série de circunstâncias) que a próxima vez em que a banda estiver em solo brasileiro, nós iremos para a área vip. Este disco não é o álbum que possui os grandes clássicos da banda irlandesa, mas é bom demais da conta sô! Primeiro porque o The Edge é um guitarrista que tem o punch mais incrível pra rock melódico que eu conheço, depois do Jhonny Marr (do Smiths). Segundo porque existem performances vocais do Bono incomparáveis. Terceiro porque One (uma das canções mais lindas do mundo) é a terceira faixa deste cd. Quarto, quinto, sexto... Há inúmeros motivos pra você ouvir este disco. Aqui neste cd, o pouco é muito.

Destaque: todas as faixas.

Angel Dust – Faith No More

Você que se amarrou na onda Nu Metal que atravessou o mundo nos últimos três anos e agora, foi devidamente sepultado, como toda moda que vem e vai, precisa ouvir este disco. Eu digo, não existiria Nu Metal sem este cd. O mais famoso do FNM é o The Real Thing, que é o mais pop, digamos, mas este aqui tem a voz maravilhosa do doidão do Mike Patton, que deixou de ser esganiçada pra ser encorpada e grave. Um detalhe interessante é que, apesar das letras do FNM serem cheias de loucuras, o Patton interpreta cada canção com muita propriedade. Um dos vocalistas mais versáteis do rock. Desde o Hardcore até baladas pra lá de açucaradas, o cara manda bem em todas. Ele é sensacional. Uma das bandas que não deveriam ter acabado.

Destaque: Everything Ruined, Be Agressive e Small Victory

Divine Discontent – Sixpence None The Richer

Esta banda você deve conhecer da canção pop que toca no rádio há alguns anos Kiss Me. É lindinha. Um formatinho pop delicioso. Estribilho, refrão, solo. Pra quem não sabe, essa banda da vocalista Leigh Nash, é considerada Gospel. Este disco é o último da banda, que encerrou suas atividades em 2004. É um álbum pesado pros moldes do SNTR. As músicas são muito bacanas, os arranjos com cordas são bem colocados. Trilha pra namorar na varandinha. Vento no rosto. Beijo no corpo... Ah, que saudade da Renata.

Destaque: Dont I Dream It´s Over e I´ve Been Waiting

Descivilizacao – Biquini Cavadao

Tem um leitor deste blog que é produtor do Biquíni. Eu tô até sem graça de falar, embora ele ainda não estivesse exercendo esta função na banda. Bem, eu gostava do Biquíni antes de conhecer meu amigo Sylar. Então vamos lá. Gente, este disco é um discaço. Digo mais: é difícil pra achar pra caramba e eu dei a maior sorte, porque cavuco todas os sebos, promoções, que estejam relacionados a rock brasileiro. Nem sei por onde começar. Vale dizer que das 11 faixas, seis músicas tocaram no rádio. Teclados bacanas, Bruno cantando muito, letras que se não são Fernando Pessoa e Camões, nem precisam. Eles conseguem sintetizar com muita simplicidade, sentimentos universais que nós, plebeus, não conseguimos expressar. Tenho um eixo sentimental sempre quando escuto este cd. Me lembra 2º grau, me lembra quando escutar rádio era mais bacana que hoje, me lembra da falta de responsabilidade e de muita, muita juventude.

Destaque: Zé Ninguém, Cai Água, Cai Barraco, Vento, Ventania, Bem Vindo ao Mundo Adulto, Arcos, Impossível e Meu Reino... ufa!!!

Theres Is Nothing Left To Lose – Foo Fighters

Que os críticos musicais oficiais não me leiam. FF é melhor que Nirvana. Não tenham dúvidas. Não estou dizendo que o Nirvana é ruim. Não. Tô até valorizando, mas não dá pra comparar com o FF não. O Dave Grhol é um baterista sensacional, um guitarrista competente e ainda canta. Ou seja, tudo que Kurt Cobain não teve tempo de ser. Tá eu sei. O movimento grunge teve uma grande importância nos anos 90, mas pessoalmente, eu prefiro o Pearl Jam e o Soundgarden. Gente, este disco é superpop e sem a Luciana Gimenez! É um disco de rock. Tem influência de tudo que é lugar aqui. Desde Beatles até Led Zepellin. As linhas de baixo são lindas e incrivelmente audíveis. Por quê audíveis? Não seria isto óbvio? Não. No rock, há muitas linhas de guitarra (principalmente riffs) que são repetidos pelo contra-baixo, daí, geralmente, ele fica escondidão lá atrás da bateria. Neste, o baixista é absolutamente criativo e faz linhas de acompanhamento (não dá pra explicar muito aqui sobre estes detalhezinhos) muito bonitas. Já dancei muito ouvindo este disco. Por favor, só peço que não imaginem isto.

Destaque: Breakout, Learn To Fly, Generator, Aurora, Next Year

III Sides To Every Story – Extreme


Este aqui está igual o Ventura lá de cima, furado. Você possivelmente só conhece do trabalho do Extreme a baladinha More Than Words. Não sabe o que está perdendo. Neste disco não tem a baladinha não. É um disco conceitual. Eu diria que é um disco espiritual. O clima dele é todo cheio de reflexão. O Gary Cherone (vocalista que depois caiu na burrada de assumir o Van Halen, num disco horroroso chamado Van Halen III) está na sua melhor fase. E o que dizer do guitarrista, Nuno Bittencourt? Eu tenho quase certeza que este cara não ganhou uma fama maior porque ele é português. É serio! O cara estourou no mundo do rock sem tocar o “vira” e nem fado. E é um baita guitarrista, um dos meus preferidos. Dê uma ouvida nos arranjos vocais. Lindo, lindo, lindo. Tudo dividido com simplicidade e maestria. Há muita sensibilidade da banda nos arranjos. As cordas (arranjadas também pelo gajo Bittencourt) são assombrosamente bonitas. Deveria ser uma influência também no quesito “gravação”. Tem uma mixagem absolutamente perfeita. Onde se escuta tudo e tudo está no seu devido lugar.

Destaque: todas as canções.

Para Todo Mundo – Catedral

Eu vou fazer uma média com o Kim. Não é o meu disco preferido do Catedral, mas tem um fator histórico. É o primeiro, no Brasil, de uma banda que saiu do mercado gospel, para o chamado mercado secular. Foi lançado pela Warner. Não teve tanta repercussão comercial, mas a banda fez um papel bonito aqui fora. Pra quem já ouviu os discos do Catedral pela MK, ouvir o material da banda nesta gravadora é como se você estivesse dentro dágua e depois voltasse à superfície. Os discos do Catedral na fase gospel são horríveis do ponto de vista da gravação. Este disco dá um “up”. O disco foi produzido pela própria banda. O Kim é um cara para letras um “pouquinho” repetitivo (eu também sou), mas acho ele um melodista “di primeira”. Ele tem o dom de fazer canções que agradam você em várias e várias audições. Se você não tiver preconceito, dá uma procurada no disco. É bem bacaninha.

Destaque: Quando o Amor Acontece, O Sonho Não Acabou e Todos Os Dias

Flaming Pie – Paul McCartney

Se me perguntassem assim: “Pierrot, você gostaria de ser alguém, que não você mesmo?”, eu responderia: “Eu queria ser o velho Macca”. Meu baixista preferido, meu compositor preferido, um dos meus cantores preferidos, um gênio, um beatle... ele compôs “The Long And Winding Road”! Não precisava escrever mais nada. Dispensa apresentações. Este é um disco que pouca gente conhece. Ele é de 95 e o Macca tá tocando quase tudo nele. Piano, bateria, baixo, guitarra, violão... Eu comprei ele baratinho, baratinho e ele tem um encarte tão bonito, papel reciclado. Abaixo das letras ele vai explicando em que ocasião escreveu as canções, as histórias na gravação. I Love This!!! Quando eu gravar um disco, será assim. Aguardem. Ah! E tem uma coisa bacana. Existem duas músicas na minha vida que tenho vontade de fazer uma versão. Uma se chama “You´ll Be My Heart” do Phill Collins e uma que está neste disco. Chama-se “Beautiful Night”. Ela começa em Lá Maior e depois modula para Dó Maior, mas modulo de um jeito que só um beatle pode fazer! Desafio você a não gostar deste álbum

Destaque: The Song We Were Singing, Somedays, Little Willow, Young Boy, The World Tonigh e Beautiful Night.


10 metas pessoais para 2008


1 – Ludmilla (sem mais explicações, quem me conhece sabe do que estou falando);

2– Mesmo com dificuldades, dizer: sim, para sair de casa;

3 – Rir mais;

4 – Não abrir mão do perdão;

5 – Esquecer que trabalhei num banco;

6 – Me dedicar com mais galhardia aos estudos;

7 – Ler mais;

8 – Aproveitar da idade pra aprender sem errar;

9 – Abraçar demoradamente os que me amam;

10 – Manter o Diário sob os olhos Daquele de quem ninguém se esconde.


10 palavras que (eu) a gente quase não vive


1 – Misericórdia;

2 – Solidariedade;

3 – Ética;

4 – Desinteresse;

5 – Comprometimento;

6 – Lucidez;

7 – Humanidade;

8 – Companheirismo;

9 – Descanso;

10 – Amor


10 músicas para você não esquecer a pessoa amada


1 – Still Loving You – Scorpions;

2 – Último Romance – Los Hermanos;

3 – Quanto Tempo Dura Um Mês – Biquíni Cavadão;

4 – One – U2

5 – The Long And Winding Road – The Beatles;

6 – Always With You, Always With Me – Joe Satriani;

7 – Eyes Without Face – Billy Idol;

8 – Captain Of The Heart – Double;

9 – Nothing Compares To You – Sinnead O´Connor;

10 – November Rain – Guns N´Roses


E assim, eu cumpro minha promessa...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Antes do Natal, tudo irá melhorar!!!


Meu post não teria nada a ver com este, mas acabo de assistir o Jornal Nacional e não tive como ficar inerte á notícia, entre tantas absurdamente reais. O lance? Um pastor que apresenta um rapaz visivelmente desorientado mentalmente, após o mesmo ter cometido latrocínio, ou seja, roubo seguido de assassinato. Segundo o pastor Isaias Andrade, o indivíduo estava possuído malignamente quando cometeu a insanidade contra o turista italiano, na orla carioca. Após uma sessão de exorcismo, o mesmo o procurou no gabinete e confessou o crime.
Eu pergunto aos meus amigos cristãos, pastores, simpatizantes do evangelho, amigos não cristãos, colegas leitores deste blog: é pra isso que serve o Cristianismo? Pra ser protagonista de doidices criminosas, para acobertar a criminalidade trivial do Rio de Janeiro, pra ser manchete internacional quando bispos “renascentistas” são presos em território americano por entrarem com valores no país não foram declarados?

Não, não é pra nenhuma das coisas citadas que serviu o sacrifício de Cristo. Porém, por muito pouco, estão transformando a mensagem mais preciosa e revolucionária da história do homem, num meio doentio de se entender a vida, num prisma alucinado de cura/doença, paz/guerra, sanidade/loucura.

Enquanto isso, os templos não param de produzir “adoradores em massa”. A adoração virou um espelho feliz de uma sociedade patologicamente falida. “Nós não somos deste mundo” e possivelmente por isso, estamos meneando a cabeça e dando os ombros para o que acontece a este País. Cristo disse: “Não o peço que os tire deste mundo, mas os livre do mal.” Só que um dos grandes meios de libertação desta vida - cada dia menos repleta da Graça de Cristo - é ser a luz bendita e, quando não iluminamos, somos também trevas e mais: a Bíblia diz que somos sal e, se não servimos para salgar, apenas “valemos” para sermos pisados. Não gostaria que esta realidade fosse tão “real”, tão dolorida.

Há sempre quem pense que digo algumas coisas com rancor ou raiva. Nem rancor, nem raiva, mas tristeza por não enxergar uma solução fácil para esta geração difícil, que prefere adorar de olhos fechados, bem fechadinhos. Porque deve dolorir enxergar uma constatação real que só a mensagem do Evangelho é capaz de mudar, através da plantação de frutos de transformação visíveis para Deus e nem sempre para os homens.




Gosto muito de rock. Gosto muito de tv. Gosto muito dos poucos amigos que tenho e me divirto falando de tudo que me alegra, que me ajuda a viver e que me satisfaz, mas hoje não dá. Cada dia menos quero carregar esta alcunha de evangélico no meu sobrenome. Não me chamem de crente, não me chamem de bíblia. Chamem-me pelo nome. Chamem-me de Pierrot.

Eu sempre fui um bom leitor. Gosto muito de estudar, mas confesso aos senhores, com o perdão da expressão, que não ando com muito saco. No meu curso (Literatura) há coisas absolutamente intragáveis, mas necessárias. Ele me ajuda (o curso) a melhorar a clareza na escrita, a ponderar um raciocínio mais democrático e entender o pensamento de homens preciosos na história da humanidade. Com quase 33, espero que me perdoem. Ás 11 da noite de certas noites eu só quero o ônibus de volta e nada me consola quanto a isto.

Ah solidão... Gente eu ando tão sozinho. Tão saudoso. Ás vezes dói tanto. Ás vezes já passou da fase “dolosa”. Ás vezes arde sem visibilidade. A Renatinha tá distante por motivos de manutenção de saúde, tá aqui dentro de mim, mas sinto falta de gente me afagando. De um colinho pro ego e pra mim. Espero que entendam o que acabo de escrever. A solidão a que me refiro não é dos braços da amada apenas, é uma solidão sem nomenclatura fácil. É aquela solidão de estar sozinho duas vezes. Um dia, eu tento explicar essa expressão que escrevi num poema há quase 15 anos.

Eu tenho um amigo. Com muito orgulho eu digo que o Nelson Junior é um amigo muito querido que me conhece só de olhar e ele me conhece de ler e de me perceber. Nos afastamos há alguns anos. Paulo e Barnabé, dada as devidas proporções. A gente já conversou muitas horas. Na época, solteiros, dizíamos sobre tudo e sobre todas as coisas que nos alegravam e nos afligiam. Dentro do Ebenézer. Um dia explico quem era o Ebenézer. De repente ele mesmo diz. Eu recebi um e-mail dele falando de gente ocasional que deixa um scrap no orkut com aquelas frases feitas. Frases que não são tangentes na vida real, mas fonemas soltinhos e quase vazios de significado. “Oi como vai você?”. “Quem bom que você está por aqui”. E coisas do tipo. Pois é NJ. O orkut tem muitas utilidades: ver gente amiga e distante (acompanhar a vida, saber das novidades), estreitar relacionamentos que estão no campo da timidez, pesquisar assuntos interessantes e outros que não são e, aperfeiçoar o dom da brasilidade mais latente nos últimos anos: o narcisismo. Todo mundo no orkut é herói de si mesmo. É carinhoso. É bacana. É atencioso. É lindo. É mito. Os álbuns do Orkut viraram prefácio de revista “Caras” onde todo mundo se revela feliz. Estes scraps (recadinhos de conhecidos ou não) são como nata no leite, desagradáveis. Isso quando não mandam aquelas fotinhas meigas “Tenha um excelente fim de semana”. Pois é. O preço que se paga. Mas NJ se você me permite um conselho: mande uma mensagem daquelas bem “rabugentas”, dessas que eu já mandei (hehe) e experimente os valiosos resultados. Dificilmente te importunarão novamente.

E pra terminar:





Aprendam o valor do elogio. Sem elogio, não existe relacionamento. O elogio sincero numa boa hora lhe garante um dia melhor. A crítica é bacana, mas o elogio carregado de carinho e afago faz a sua auto crítica ter mais valor. Não dá pra sempre se julgar o chulé da pior sola de sapato. Mentir pra si mesmo não é sempre a pior mentira?


Nos próximos posts:

10 discos que você precisa ouvir
10 metas para o ano de 2008
10 músicas para você não esquecer a pessoa amada
10 palavras que a gente quase não vive

sábado, 3 de novembro de 2007

O Rock Errou?


Diferente de outros temas quero abordar um, de pouca importância e muita relevância. Como anda o rock no Brasil.

O Rio de Janeiro, estado da qual tenho origem, orgulho e atual habitação, perdeu sua única e heróica rádio rock. Antes de falarmos do derradeiro fim da rádio Cidade, deixe-me resumir um pouco de um outro ícone histórico carioca: a rádio Fluminense. Ela foi responsável pelo surgimento de bandas como Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana e Barão Vermelho. Naquela época, gente da música, levava seus pequenos tapes á rádio, para que as músicas contidas ali fossem ouvidas e executadas. Sem jabá. Sem faz-me-rir*. Numa era pré-internet, descobríamos os valores nacionais através do rádio. Poderia ser um rock blues debochado, com o Barão, com um dos maiores poetas do rock nacional, poderia ser um pop new-wave como o Kid (nome aderido durante alguns anos) ou até, a explosão do pós punk paulista com o Ira!. Sem contar, que com muita fluência, era possível ouvir Led Zeppellin, Black Sabbath, Rush, Metallica (época Ride The Lightning), Emerson, Lake and Palmer... Músicas que eram IMPOSSÍVEIS de escutar em qualquer outra rádio, mesmo aquelas que traziam a alcunha de ecléticas ou de rádios rock. O capitalismo selvagem matou a Fluminense. Sem patrocinadores, a rádio foi obrigado a fechar as suas portas, voltou ás atividades alguns anos depois, com outra proposta e novamente, já não existe.


Lá pelos idos de 2000, a rádio Cidade, uma rádio cult e querida pela população do Rio de Janeiro, resolveu assumir as rédeas do rock no estado. Com promoções, com divulgação, dando força aos eventos ligado ao estilo tanto no estado, como em outros países. Se não tínhamos uma postura tão heróica e underground como a Fluminense, ao menos podíamos escutar novidades como o foi o caso do Evanescence, que estorou no Rio de Janeiro, graças à execução “infernal” da canção Going Under (que fazia parte da trilha sonora do filme horroroso O Demolidor) no dial 102,9. Resumindo o coreto, a iniciativa privada, representada por uma operadora telefônica, arrendou as várias dívidas que esta honrosa rádio possuía - porque rock gente, não dá lucro - e, perdemos a única rádio, que essencialmente, tocava o ritmo mais alucinante do mundo.

E você deve estar se perguntando: o que este breve histórico destas duas rádios tem haver com o propósito textual de falar de como anda o rock no Brasil? Pois bem. É que tal qual as rádios, nossos mais tradicionais representantes do rock nacional, principalmente dos anos 80, resolveram acender uma vela para as rádios (que no Brasil inteiro perdem sua força) e dormiram lentamente ao lado de seus caixões.

O que vimos nos últimos 5 anos de produtivo deste segmento foram inúmeros acústicos, CDS ao vivo ou discos de inéditas, que ora eram ousados (como o Puro Êxtase do Barão) ora eram manjados (como a coletânea As 10 mais dos Titãs) e que nada apresentavam de sedutor pro ouvinte.

O texto poderia ser um tratado se fosse falar da trajetória de bandas que, eram arte na pureza da essência da palavra e que “esqueceram” suas “pretensões” no meio do caminho. O leitor se enfadaria por exemplo, se fossemos falar de 2 acústicos, 1 ao vivo, 1 de cover e 2 inéditos discos dos Titãs nos últimos 10 anos. 2 discos inéditos em 10 anos...

O que dizer de Barão?

O que dizer de Capital Inicial, que, aproveitou seu unplugged e rejuvenesceu. Porém a fonte da juventude só veio carregada de maquiagem, porque canções como Música Urbana 2, Fátima e Mickey Mouse em Moscou, são coisas do passado. O negócio é Natasha. Canções que em nada lembram as parcerias bem sucedidas de Fé Lemos com Renato Russo (Aborto Elétrico) ou mesmo as belas baladas como Belos e Malditos, outra incursão de Renato junto com os candangos. Ouço de alguns que Capital agora é música de adolescente. Que fosse, que seja. Eu quando era adolescente, ficava encasquetado (termo velho hein?) com letras como Brasil (Cazuza), como Que País é Este (Legião Urbana), Fátima, do próprio Capital, Tribos e Tribunais (Engenheiros do Hawaii), Lanterna dos Afogados (Paralamas do Sucesso), Carta aos Missionários (Uns e Outros), Extraño (Nenhum de Nós), Polícia (Titãs). Apenas usei o exemplo de Barão e Capital. Poderia falar de Ira!, De Nenhum de Nós, de Biquini Cavadão, de Ultraje, de Plebe Rude, de Engenheiros...

Talvez, você, jovem leitor, pense comigo que isto apenas seja parte da biografia da discoteca de um autor nostálgico e acho, que até certo ponto, você tem razão. Pra mim, é uma pena, que diante de tantos progressos na disseminação da arte no Brasil, na revitalização do cinema brasileiro, numa valorização do teatro, no surgimento de novos comediantes, no acesso a novas exposições de pintura, de esculturas (o Brasil definitivamente entrou no calendário), a música popular brasileira, continue "pertencendo" aos dinossauros respeitados por crítica e publico, como os Srs. Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, ás cantoras de voz grave (sem pre-conceito algum) como Ana Carolina, Isabela Taviani, Zélia Duncan, ás tribos emos e ás cópias do hardcore californiano (cópias bem feitas)como Charlie Brown Jr, CPM 22... mas os "meus velhinhos", mandaram parar as máquinas.

Depois de todo este discurso, o que quero em suma dizer, é que, a música hoje não me emociona, não me cativa, não me seduz. Principalmente o rock, da qual sou fã há duas décadas. Não me faz levantar da cadeira, pegar o violão, ir ao teclado pra tentar tirar*. Minha banda preferida resolveu sair de férias por tempo indeterminado(se Renato Russo dissesse que iria sair de férias da Legião Urbana, lá pelos idos de 86, 87, seria ameaçado de morte... hehe) e meus heróis ingleses (Coldplay, U2, Oasis...) resolveram dar uma sumida. Então, estou órfão.

O Rock Brasileiro vai assim... Entre Detonautas da vida e Cansei de Ser Sexy (não consigo gostar de 1 música), entre Cachorro Grande e Bidê ou Balde... Tudo muito misturado e propositalmente, sem identidade, sem DNA. Nada contra. Arte é arte, mas que saudade...

* Tirar é tentar tocar uma música "quase igual".

by TemplatesForYouTFY
SoSuechtig, Burajiru