quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

"Ando só pois só eu sou sei por onde ir, por onde andei"*




Troquei o dia pela noite. Já era mais ou menos assim quando eu estava no banco. Dormia por volta das três da manhã. Agora a coisa se acentuou. Quatro, ás vezes, cinco da manhã estou indo dormir com o cantar dos passarinhos. Mentira, daqui do meu andar – 11º - não se ouve o cantar dos passarinhos. Ouve-se mesmo o barulho das kombis, chamando seus passageiros, num desespero diário. Hoje é meu 43º dia solteiro. Após a cirurgia da Renata – que está na casa da minha sogra neste período – eu sou o verdadeiro dono de casa. Se tivesse uma câmera escondida ou caso eu tivesse feito um contrato exclusivo com algum canal de tv, seria o reality show de maior audiência da tv brasileira. Só Deus sabe o que aconteceu neste apartamento com a ausência da patroa. Pras mentes maldosas, nada demais além das trapalhadas de um homem de 30 e poucos anos, aprendendo a se virar. Lavar roupa, lavar banheiro, limpar a casa, lavar louça, pagando contas na Internet, escrevendo, vendo filme e rindo sozinho de madrugada, cochilando, roncando e fazendo tudo que um homem sozinho pode fazer.

Pra mim, tem sido um martírio fazer comida. Faço compras e não gosto de nada do que preparo, então, invariavelmente como fora. Num “selv-selvice” – uma pessoa de minha intimidade fala assim – aqui perto de casa. Tão invariavelmente quanto estar presente, é meu pedido de bebida. Coca Zero com gelo. Por mais que seja a mesma pessoa que me atenda, também invariavelmente, me faz a mesma pergunta há mais de trinta dias após o peso da comida: - Qual é a bebida? Com gelo? Ou ele é um péssimo fisionomista ou tem uma fé incrível de que algum dia em que eu esteja comendo ali, mais uma vez, faça um outro pedido que não aquele: coca zero com gelo.

Nestas madrugadas acordado, fazendo ás vezes duas, três coisas ao mesmo tempo como estou habituado a fazer (gravando cd, respondendo e-mail, navegando), parei pra ver o Corujão. Se você não sabe o que é o Corujão eu te explico. É o filme que passa após o Intercine. Se você não sabe o que é o Intercine, é a sessão de “cinema” que passa após o Programa do Jô. O Intercine começa por volta de 1:20 da manhã e por aí você tira que hora começa o Corujão. Passou um filme com a Amanda Peet, um belo espécime do sexo feminino. Como ela sempre escolhe comédias românticas pra atuar, e comédia romântica é um dos meus estilos preferidos, me detive em frente á tv. Na verdade, era uma comêdia-romântica-dramática. Uma professora de uma academia de ginástica que se envolve sentimentalmente com o dono da academia que é o verdadeiro Don Juan. O verdadeiro Don Juan se apaixona de verdade e a professorinha também. Só que neste meio tempo, após encontros e desencontros – um clichêzaço de filmes assim – ela descobre que seu ex-namorado está á morte em um hospital, vítima de AIDS e... Bem, o filme em português tem o sugestivo título de Fica Comigo (Touch Me – 1996) e quando você tiver oportunidade de assistir, assista, porque é um dos filmes mais sensíveis que vi falando sobre a Síndrome Imune Deficiência Adquirida. Muito bacana. O final do filme poderia ser mais “real”, mas a película despertou tanto minha atenção que fiquei desperto até ás quatro e cinqüenta. Bem, isso é moleza...

Estou escutando a Globo FM – via Internet – e se você tem um gosto musical parecido com o meu, vai gostar muito desta estação. Pra quem não sabe a Globo FM saiu do dial já há quase cinco anos (pelo menos aqui no Rio), mas se mantém nas ondas cibernéticas. Muito bacana a programação. Similar a JB Fm, a Antena 1 ou a Paradiso. Estava tocando uma música da Amy Winehouse, uma música nova. A primeira canção de trabalho desta branquela de voz negra foi Rehab, que curiosamente fala sobre a recusa de freqüentar uma clínica de reabilitação. A muié vive freqüentando as colunas de fofocas de celebridades por ser, vez ou outra, flagrada em situações digamos, inusitadas. Enfim, não farei o mesmo. Ela canta muito. Que voz cinquentona! Um suingue sem ser prezepeiro tal qual fazem outras estilosas cantoras americanas, á saber Mariah Carey, Tony Braxton e tarará, tarará. Dificilmente alguma coisa muito pop me seduz. Essa conseguiu. Ah! Uma dica: se você não tem banda larga, é mais difícil de ouvir rádio pela Internet por conta da taxa de transferência de streeming. Você não precisa saber o que é isso não porque o titio explica... É... Em suma... Sua banda não agüenta essa troca de dados veloz, beleza?

Eu tô fazendo um bico (sem remuneração), quebrando um galho e aprendendo muito, ajudando um site chamado Isfree. Ele se dedica a conteúdo de séries de televisão. Não é um site qualquer não. Propõe-se a ser o maior da América Latina. E creio que vem sendo sim. Julgando pela quantidade de séries que estão no site, pelo menos em quantidade, já é. Em qualidade também. O foco é a interação entre os fãs de série, fazendo com que o maior número de pessoas acessem o site, leiam o conteúdo, baixem episódios e... Trabalhem pro site. Como assim? O grande segredo do (a) Isfree é que, quem adiciona conteúdo (padronizado) ao site é o próprio usuário cadastrado. Este é o futuro da Internet e talvez o futuro da comunicação eletrônica. Quando o que você vê foi fruto do que você leu, assistiu, observou, interessou-se e postou. Nada de bloggers, nada de fotologs. O lance daqui pro futuro é que você seja o postador e portador das mensagens. Parece que isto não tem um sentido de importância, mas o Youtube colocou no olho do furacão o internauta como estrela principal de sua própria constelação. Voltando ao site, se você gosta de Lost, 24 Horas, Heroes, Greys Anatomy, House, Two And Half Men, Cold Case, Without a Trace e outras duzentas (!) séries que estão na ativa ou já acabaram, dá uma passada lá: http://www.isfree.tv/ . Observação: o site é idealizado, organizado e mantido por um garoto de quase 20 anos, que é conhecido como Cap. Sparrow.

Reparei que se a cada post aqui no blogger eu colocasse um absurdo no meio evangélico, teria que mudar de “Diário do Pierrot” para “Diário do Revoltado” e tudo que eu não sou é revoltado. Eu sou um inconformado. Um ingênuo. Um tolinho. Um fofinho... Ai, eu me amo... Brincadeira. Eu sou um visionário, uma pessoa atenta aos arraias dos crentes, porque sou um. Tenho uma tristeza que beira ao sarcasmo quanto ao futuro das coisas em nosso meio, e o pior, não vejo perspectiva de melhora.

Outra coisa que me falaram que eu sou é A – R – R – O – G – A – N – T – E. Eu fique tão triste. Re-li muita coisa que escrevi e reparei se havia algum traço de soberba, de superioridade, que pudesse alguém me julgar assim. O que aconteceu? Disse a uma pessoa – que comunga da mesma fé que eu – que as pessoas não sabem o verdadeiro significado de certas palavras, que tornam coisas absolutamente negativas, quando de negativas, estas coisas não tem nada. O motivo do entrevero foi a palavra “risco”. Disse que risco era uma possibilidade da vida de todos nós e que ruim ou bom seria a conseqüência do risco e não o risco em si. Ele me chamou de “Professor Pasquale e que não gostou do meu jeito arrogante em dizer o que era risco”. Eu respondi – via orkut/scrap – que não tive a intenção de chateá-lo e, que por ele, comungar da mesma fé que eu, teria um entendimento melhor do que eu disse. Quebrado pelo meu argumento de “comungar de fé”, mandou um scrap humilde dizendo não ter lido direito minha resposta e pediu desculpas. Ai, ai. Mesmo assim, o episódio serviu pra que eu desse uma refletida em como me expresso.

Se eu disser alguma coisa na qual você se sinta ofendido, por favor, pode dizer. É que na verdade eu sou um inconformado, um ingênuo, um tolinho, um fofinho... Ai, vai começar tudo de novo!

Ando Só (Música Para Lembrar do Pierrot)
Ando só pois só eu sei
pra onde ir por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei

pergunte ao pó
desça ao porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei

desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio

ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando
ando só
Ando Só (Humberto Gessinger - Varias Variáveis - 1991)

se você nunca ouviu, baixe aqui. Versão do disco "Filmes de Guerra Canções de Amor" - Arranjos de Wagner Tiso.

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