sábado, 1 de março de 2008

O melhor plano de saúde é viver...

Horário: 14:00

Cenário: Duque de Caxias

Lugar: uma destas clínicas médicas que tem como especialidade fazer exames de admissão e demissão.

Personagens: eu, três senhoras entre 50 e 60 anos e um médico sem jaleco.

Título: Quando a paciência se despede sem dizer tchau.

Lá vou eu em direção a Dallas (apelido carinhoso de Caxias, município do Rio) fazer um exame médico que comprove que estou apto para assumir minhas funções como Orientador Educacional. Um sol para cada um, conforme diz Galvão Bueno, fico na expectativa de resolver tudo rapidamente. Tinha outras missões para o mesmo dia. Encontro o tal lugar. Com um lay out de dar inveja a qualquer aviário (com todo respeito às penosas) encontro as “recepcionistas” e lhes digo meu objetivo ali:

- Vim fazer exame admissional.

- Qual é a função, meu filho?

- Boa pergunta.

Pausa para o telefone, falar com os novos patrões:

- Oi xxxxxxxxx. Aqui é o Daniel, estou na clínica e estão me perguntando a função.

- Ah Daniel. É orientador. Como você não é formado ainda, não pode assinar como professor.

- Ok.

Volto as senhôras (circunflexo meu):

- Orientador

- Ok. Gumercinda (eu inventei o nome, porque ela tinha cara de Gumercinda) atende este rapaz.

Sento-me na cadeira ao lado:

- A firma tem convênio?

- Não sei.

- Então é particular?

- Também não sei. Só me informaram para vir aqui fazer o exame.

- Se não veio ninguém da sua empresa, é particular e o senhor tem que pagar.

Segunda pausa para o telefone, falar novamente com os novos patrões:

- O xxxxxxxxxx ela está me dizendo que eu tenho que pagar. É isso mesmo?

- Não eu já estive ontem aí e paguei.

Sou interrompido pela D. Genésia (sei lá se era esse o nome):

- Qual o nome do lugar?

- xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

- Não tem este nome aqui não, ela teve aqui mesmo?

Volto ao celular, a patroa responde:

- Não, a razão social não é essa não. É xxxxxxxxxxxxxxxxx.

Repito o nome dito no celular:

- O nome certo é xxxxxxxxxxxxxxxxx.

- Ah sim. Está aqui.

Volto à atenção para Gumercinda.

- Identidade

- Está aqui.

- Seu nome?

Não respondo, com o indicador, afasto mais a identidade para que ela mesma veja meu nome.

Após os procedimentos, levanto-me e aguardo por ali mesmo para ser chamado.

Neste momento a “girl” (que fazia o papel de boy) está enrolada por não ter conseguido achar o número certo do grampo do grampeador que o Dotô havia encomendado.

Entre desentendimentos e argumentações, ele pede uma água e pede que ela volte à papelaria.

Chamam meu nome, levanto prontamente para ir a uma sala que lembra banheiro de empregada. Arrumado, mas pequeno, pra dizer a verdade, pequeníssimo. Percebo que não sou eu, o sobrenome é diferente. Volto para sentar-me.

Depois de quatro perguntas triviais que não quero reproduzir aqui, leio que estou “apto para as funções do trabalho” no atestado.

Horário 16: 40

Impaciente com o atendimento, com o lugar, com o calor, com a muvuca de gente pela rua, volto para Penha, meu abrigo, a fim de resolver outros problemas e ainda ir para a faculdade. Vou pensando no caminho, que, ao menos, a pequena aventura me dera inspiração para o Diário.

TEOCENTRISMO TUPINIQUIM

Na idade medieval, no início do século XV, a igreja católica era o Bush do mundo. Só comia no seu prato, quem vendesse seus terrenos e propriedades para seu domínio. Através da indulto do Papa e do alto clero, você nobre, poderia ter seu lugarzinho no céu. Poucas pessoas tinham acesso a Bíblia e mesmo que tivessem, o analfabetismo na Europa era grande. De um jeito muito similar ao que vemos hoje em dia, ela dominava, escravizava e tinha seu próprio exército. Neste período estava em voga o TEOCENTRISMO, que em palavras pro leitor do Diário entender, era uma filosofia na qual se acreditava que Deus é o centro do Universo, tudo foi criado por ele, por ele é dirigido e não há outra razão além do desejo divino sobre a vontade humana (wikipedia). Então era mais ou menos assim: se uma criança perguntasse a mãe o porquê de estar chovendo, ela responderia: porque Deus quer que chova.

Olhando ignorantemente para o fato histórico, parece ser bom, mas não é. Séculos depois, nós temos o TEOCENTRISMO TUPINIQUIM, para variar, pior do que o original. Pior porque não temos Lutero, para a Reforma. Deus virou o principal responsável por tudo na nossa vida, inclusive responsável por nossa parte. Pedimos a Deus que nos dê um bom emprego (e quem não quer?) um bom salário (e quem não quer?) uma boa esposa ou marido (e quem não quer?) uma boa casa (e quem não quer?) e tudo de bom que há nesta terra, para cada desejo e, sinceramente acho, que fazemos pouco para isso. Muito pouco. Eu, pelo menos acho, que me preparei inadequadamente para a vida, sob certos aspectos e não tenho timidez de dizer isso. Olho pra trás e vejo que poderia ter feito de uma forma diferente certas coisas ou ter sido mais persistente em outras e tais decisões não tomadas, influenciaram no meu futuro e se refletem agora no presente. Verdade é, que o passado serve para constatação do que foi e do que pode ser melhorado.

De forma, que eu cheguei á conclusão que eu preciso viver mais. Estudar mais. Trabalhar mais. Estar mais na vida. Isso inclui se preparar com mais intensidade e relaxar na mesma velocidade. Estar entre aqueles que está mostrando pra Deus que querem uma chance de ser feliz de um jeito até planejado, MAS, se nada der certo (ou não como o planejado), não olhar pra trás com remorso ou arrependimento e entender que tudo que necessariamente deveria ser feito foi feito e que o melhor foi colhido.

Não quero que meu Deus tenha as costas largas. Nem Ele. Não sou religioso de agregar a Deus funções minhas e nem meu relacionamento com Ele pode ser “toma lá da cá”. Eu dou pra Ele, Ele me dá. Eu quero um pouco mais. Eu tô muito a fim de viver com graça e alegria, comer uma costela deliciosa com a minha esposa, ir ao cinema e beber do saber dentro da sala de aula, estar disposto a apreender mais e doar conhecimento. Cumprir com ousadia e destreza os projetos das quais estou envolvido e ir contra aquilo que seria muito fácil: dobrar os joelhos, cruzar os braços e esperar do Céu, a solução pros meus pequenos problemas.

Então, não ao TEOCENTRISMO TUPINIQUIM. É hora de fazer o que Ele não faz e deixar pra Ele aquilo só Ele pode fazer. No campo do impossível, onde nossa mão não alcança, Ele tudo vê.

Ah... Bancando o espiritual... rsrsrs

SUCURSAL DO INFERNO

Este é o apelido curioso que o sindicato dos bancários chama o banco onde trabalhei alguns anos. A origem do “nick” se dá pelo fato do banco americano não ceder á greve dos bancários e mesmo assim, gozar das poucas conquistas do sindicato.

Eu não vou ficar aqui dizendo algumas histórias que eu conheço por ter vivido lá (e viver é o verbo certo), mas uma coisa fique bem clara.

Perdi (no sentido de alma) um amigo alegre para esta instituição. O cara entrou feliz, sorridente, otimista, casado, sem filhos e cheio de pretensões. Saiu 10 anos depois com síndrome do Pânico, tomando remédios controlados e apresentando sintomas do TOC (transtorno obsessivo compulsivo), sem contar que a esperança e a auto-estima foram pras cucuia, dando lugar a um cara doente, endividado e com a lamentação nos lábios. Boa parte da culpa do estado do meu amigo foi da “Sucursal”. Foram de pessoas maldosas, de gente assumidamente má e que tem interesse apenas na mão de obra de todos nós. Afinal somos números.

Reclamar assim, como se nada de bom tivesse acontecido, parece ser uma ingratidão. Fique claro, aprendi a saber um pouco sobre mim e meu caráter, olhando o espelho da imperfeição na vida de muitos ali e conservo a saudade do ambiente bacana e dos pouquíssimos amigos.

Sempre dizia a este anônimo amigo que jamais acreditasse nos elogios e muito menos nas críticas, pois ambas possuem a mesma força. A crítica te engana acerca de nossas habilidades. O elogio nos seduz a “cegar” nossas falibilidades. Ou seja, medir tudo e pensar sobre todos é um bom caminho.

A saída da instituição deixa em nosso espírito uma série de cenas angustiantes e depressivas que só quem já vivenciou algo parecido sabe dizer com exatidão imprecisa.

Ao meu amigo e irmão eu desejo sorte em Deus e que ele ressurja.

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SoSuechtig, Burajiru