quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Pra Quem Não Tem Nada, Metade é o Dobro

Eu uso o orkut para me aproximar de culturas e de amigos distantes, mas estou muito propenso a deixá-lo oficialmente e navegar de forma fake pela rede social. Por quê? Disse a um leitor deste blog estes dias, que o orkut é uma espécie de “Espelho, espelho meu...” do século XXI. Eu acho insuportável ver fotos dos álbuns. É uma de gente fazendo cara de feliz. Não me incomodaria se eu não percebesse que mais do que felicidade as pessoas desejam mostrar quem elas querem ser. Foto nenhuma deste mundo, do passado ou do futuro e muito menos do presente esconde o narcisismo idiota de pessoas que precisam de algum instrumento para serem o centro das atenções. Emulam amizades, relacionamentos superficiais e são estrelas dos seus comerciais. Não tenho fotos no meu álbum. Sempre que coloquei foi esporadicamente, porque quem conhece a minha vida – e não parte dela – sabe quem eu sou, do que eu gosto ou não. É lógico que enquanto escrevo isso me lembro de amigos (verdadeiros) que usam o orkut como um meio de mensagem á família, aos parentes distantes e assim penso que não posso ser radical. Esclareço que não é destas pessoas que estou falando. Estou falando da maioria dos indivíduos que eu vejo por aí e pelo pouco que demonstram, espero que isso se mantenha na superficialidade. Amantes de si mesmo.

Por quê será que relacionamentos amorosos não dão muito certo há muito tempo e a nossa geração é hedonista até a alma? Porque mais do que amar alguém, essa geração entende que amar a si mesmo basta. Este amor é tão suficiente que ela menospreza o amor alheio até que ele não lhe satisfaça. Respeito, consideração e altruísmo são palavras obcecadas de inexistência. “Eu posso me amar tanto que posso desamar quem quer seja num período recorde que dê tempo de eu encontrar outro alguém que me ame na mesma intensidade em que eu me amo.” Ninguém quer ceder. “Seja feita a minha vontade, assim na Terra como em você.” Um anarquismo sentimental. Uma dolorosa via. Nem os mais experientes, os mais velhos nos dão mais lições de sobre como a vida se sustenta. Uma geração se foi. Quem tinha 50, 60 anos quando tínhamos 20, hoje tem 60, 70 e morre. Os novos velhos agora também são novos burros.

Estou com sono e me sinto bem assim.

Eu ouço discos de forma diferente. Tento absorver a vida útil daquela obra o máximo que eu posso. Acho que o artista quer isso do ouvinte. Que ele sugue toda a essência daquela flor. Se você me vir criticando ou elogiando um disco pode saber: já escutei ele o suficiente pra soberbamente dizer que o entendi. Não suporto ver um filme mais que 1 vez, mas um disco posso escutar por anos. Escutei o Ventura dos Los Hermanos 2 anos, por dias e dias e dias... Decorei cada detalhe de letra, cada pausa, cada arranjo. Escutei vários discos desta forma. A relação tá acima da paixão, tá na base do entendimento.

A continuidade é uma coisa prazerosa. Não desistir, ir em frente, faz de você uma pessoa melhor. Faz você se aperfeiçoar e deixar pra trás vícios, costumes e até convicções que não deveriam estar ao nosso lado. Na verdade a continuidade faz você parar várias vezes no caminho. Pensamos em desistir ou em continuar e quase sempre deixamos alguma coisa da bagagem pesada e que somos obrigados a carregar. Descobrimos a desobrigação da obrigatoriedade e jogamos fora da mochila o que não serve ou que nunca serviu e que percebemos a inutilidade naquele momento.

Tava escrevendo uma série virtual chamada Império a Raiz de Todos Os Males que serviria pra contar como funciona um pouco do lado sistema financeiro aqui no Brasil. Embora fosse uma ficção, eu vou dar um tempo. Ainda existe dentro de mim vestígios de uma doença difícil de curar e também difícil de explicar e era possível, que durante o desenvolvimento da série, os sintomas se tornassem cada dia mais atuantes na minha patologia. Por isso, pelo menos por enquanto, Império (alguém achou o título pretensioso. Não há pretensão, é uma constatação de quem sabe o que é trabalhar para maior instituição financeira do mundo) está engavetado. Assim como As Manhãs de Lígia, uma novela que comecei a escrever. Em 2008 escreverei Memories Scenes From My Past. É a mesma coisa que o Diário do Pierrot só que irá começar em 1982. Minha idéia era colocar fotos da época mas elas estão com a minha mãe e amigos e fica difícil resgatar, pelo menos por hora, estes documentos. Escolhi 1982 porque foi um ano marcante para o Brasil em um aspecto, da qual me lembro com muita tranqüilidade. O Brasil perdeu para a Itália de 3 x 2 com 3 gols do medíocre Paolo Rossi. Aquele dia deveria ser comemorado (?) como o Santo Dia da Miserabilidade. O país estava ameaçando entrar num estado de re-democratização e passava por várias mudanças. Memories Scenes From My Past será escrito com nomes, lugares e situações, sem qualquer censura e estará com um link aqui no diário.

Estou muito feliz pelo fato de várias pessoas bacanas terem escutado minhas músicas lá no meu Myspace e terem gostado. É uma felicidade mesmo que se faça algo e alguém diga que aquilo é bom. Se você ainda não escutou e queira fazê-lo o endereço é www.myspace.com/pierrotdaniel

Até o ano que vem.

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SoSuechtig, Burajiru